Fundadora da de-fora-a-fora e Docente universitária
A Raquel é a fundadora da de-fora-a-fora e é Professora Auxiliar da Católica Porto Business School (CPBS).
É doutorada em Gestão pela Universidade de Bath, Reino Unido. É uma apaixonada pelo setor não lucrativo, ao qual dedicou uma boa parte da sua atividade de estudos e consultoria, tendo coordenado várias equipas ao longo dos anos.
Teve o privilégio de trabalhar diretamente com Emílio Rui Vilar na lecionação de uma disciplina pioneira de Gestão de Organizações sem fins lucrativos no final dos anos 90, início de 2000, e de trabalhar com Lester Salamon no projeto sobre o Setor Não Lucrativo em Portugal, que daria origem posteriormente à Conta Satélite da Economia Social.
O de-fora-a-fora convida à escrita sobre problemas sociais ou soluções para os mesmos, sobre o que cada um que trabalha em organizações sem fins lucrativos ou em empresas faz, direta ou indiretamente em temas sociais. Sobre o que aprende com sucessos e erros, e como procura melhorar, todos os dias. Mas escrever é também útil para quem escreve, não apenas para quem lê.
Sabemos que muitos problemas sociais hoje são mais complexos do que alguma vez foram. E que essa complexidade exige que se juntem várias pessoas e organizações. “Easier said than done.”
Pode parecer uma questão absurda, mas não é. E pode parecer absurda porque as empresas não são o tipo de organização de que se fala quando se fala em guerra.
Os problemas que enfrentamos não são todos de igual dificuldade. Os problemas sociais, neles incluindo o ambiente, são tipicamente complexos. E problemas complexos não podem ser resolvidos com abordagens simplistas.
Foi notícia internacional vários dias que seis jovens portugueses defendem hoje a causa da ação pelo clima no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. Não podemos ignorar, nem encolher os ombros – pelo contrário. Temos de observar com atenção e refletir sobre quais são as formas hoje de se ser eficaz na luta pelo planeta e o futuro da humanidade.
“O pai tem demência. E agora?”. Sai-se do hospital sem recomendações suficientes para dar os primeiros passos. O que devem as organizações de saúde fazer? Como podem as associações de doentes fazer ainda mais? E as empresas – o que poderão estas fazer pelos seus trabalhadores que são também cuidadores informais?
A de-fora-a-fora está no ar! Para facilitar a partilha de conhecimento ao serviço da resolução mais acelerada dos problemas sociais. Espreite e contribua. Estaremos deste lado.
Ir mais longe no “S” nas empresas é, por exemplo, reconhecer que vários dos seus trabalhadores são também cuidadores informais e que ignorar esta realidade não as beneficia.
Falar em stakeholders e na necessidade de os envolver é algo frequente no contexto das organizações sem fins lucrativos. No de algumas empresas também. A prática de um verdadeiro envolvimento de stakeholders, no sentido de um profundo e efetivo envolvimento, é um desafio, mas é recompensador.
Os problemas sociais são muitos e podemos ir mais longe. Mas a união de esforços que tantos experimentaram na pandemia não se transformou no “novo normal”. Discutimos tecnologia digital e, porventura, deveríamos estar a discutir tecnologia relacional.
Os problemas associados ao envelhecimento são diversos, todos parte de um sistema complexo, onde múltiplos atores participam de forma fragmentada e com qualidade variável. Mas será que percebemos que vamos ser vítimas do sistema se não o abraçarmos para o mudar?
Com quatro anos de distância da última edição, a nova Conta Satélite reporta desta vez dois anos, 2019 e 2020. Uma evolução positiva em número de organizações e em peso no VAB e emprego remunerado. E com novidades, ao incorporar uma análise da longevidade!