Como é a que a filantropia estratégica pode e deve incorporar os princípios ESG das empresas?

Como é a que a filantropia estratégica pode e deve incorporar os princípios ESG das empresas?

A filantropia estratégica pode tornar-se uma extensão das práticas ESG, potenciando o impacto positivo que as empresas devem ter na sociedade. As fundações poderão ser os parceiros ideais para a concretização desta ideia. O que podem as fundações aprender com as empresas? E as empresas com as fundações?

Alinhamento com a Missão e Valores da Empresa

A filantropia estratégica tem de estar alinhada com a missão, valores e objetivos de longo prazo da empresa. Isso significa que as iniciativas filantrópicas às quais a empresa se associar não devem ser apenas pontuais, mas sim projetos de continuidade que reforcem a identidade e o propósito da empresa. Por exemplo, uma empresa de tecnologia pode investir em programas de educação tecnológica para comunidades vulneráveis, alinhando o seu apoio financeiro com o seu core business e criando valor tanto social quanto económico-financeiro.

Foco em Áreas ESG Prioritárias

A filantropia pode ser direcionada para causas que estejam diretamente relacionadas com as metas de ESG que a empresa considera prioritárias. Se a empresa tiver um forte compromisso com a sustentabilidade ambiental, pode direcionar recursos para iniciativas que combatam as mudanças climáticas ou promovam a biodiversidade e a conservação de recursos naturais. Da mesma forma, se o foco é a inclusão social pode apoiar programas de educação financeira que promovam a igualdade de oportunidades para jovens e adultos, pois a iliteracia financeira é fator crucial de exclusão e um grave problema social que afeta o nosso país.

Criação de Parcerias Estratégicas

A filantropia estratégica pode ser ampliada por meio de parcerias com o Estado, com outras organizações sem fins lucrativos e com empresas que compartilhem os mesmos objetivos ESG. Estas parcerias podem maximizar o impacto social dos projetos. Por exemplo, uma empresa pode formar parcerias com uma fundação e outras entidades para promover a literacia financeira e digital, combinando expertise e recursos para alcançar resultados mais significativos.

Medição de Impacto Social

A equipa da Fundação António Cupertino de Miranda acredita que a filantropia estratégica, como as práticas ESG, deve ser direcionada para programas que definam resultados mensuráveis. É importante também que se estabeleçam métricas claras para avaliar o impacto das iniciativas e que os resultados sejam divulgados de maneira transparente. Isto não só realça a eficácia dos projetos da Fundação, como dá evidencia à credibilidade da empresa em relação aos seus compromissos ESG. Demonstra também o impacto social do contributo de ambas.

Envolvimento de Stakeholders

Incorporar ESG na filantropia estratégica (ou vice-versa) também significa comprometer stakeholders e a comunidade local. O envolvimento de stakeholders não só amplia o alcance das iniciativas filantrópicas, como também reforça o compromisso da empresa com práticas ESG de forma mais ampla. Por exemplo, programas de voluntariado que envolvam funcionários em projetos sociais podem fortalecer a cultura organizacional e aumentar o compromisso dos colaboradores.

Integração na Estratégia de Negócios

A filantropia deve ser integrada na estratégia de negócios da empresa, tornando-se parte integrante de como a empresa gera valor. Isto significa que as decisões de apoio financeiro a programas com impacto social devem ser tomadas com base na convicção de que podem contribuir para o sucesso de longo prazo da empresa, ao mesmo tempo que promovem o bem-estar social.

Para dar um exemplo, posso dizer que todos os investidores sociais que apoiam a Fundação António Cupertino de Miranda na criação e implementação de programas de educação financeira estão comprometidos com a Fundação e colaboram nesses mesmos programas. São projetos complexos e multidimensionais, os quais seriam impossíveis de realizar se não houvesse uma rede muito forte de parceiros que, com a experiência e conhecimento da Fundação, conjuntamente criam soluções que são socialmente inovadoras e que têm um efeito de mudança sistémica da sociedade.

Governança e Transparência

A filantropia estratégica deve ser assumida com os mesmos padrões de governança e transparência que guiam outras práticas de ESG. Isso inclui garantir que as decisões sejam tomadas de forma ética, que os fundos sejam afetados de maneira eficaz e que haja prestação de contas clara sobre os resultados alcançados. A transparência neste processo ajuda a construir confiança entre a Fundação e os seus parceiros, demonstrando um compromisso genuíno com o impacto social positivo.

Incorporar a filantropia estratégica nos ESG das empresas permite que as empresas deixem de considerar que o financiamento a projetos de âmbito social seja uma atividade secundária, para se tornar parte central da estratégia corporativa. Ao fazê-lo, as empresas não apenas reforçam o seu compromisso com a responsabilidade social, mas também criam um diferencial competitivo que pode atrair clientes, investidores e talentos que compartilham desses valores.