Fundraising começa e acaba com uma causa. Sabe qual é a sua?

Fundraising começa e acaba com uma causa. Sabe qual é a sua?

Aproxima-se a época do Natal e com ela a multiplicação de peditórios de rua, jantares de angariação de fundos, concertos solidários e pedidos de ajuda nas mais diversas formas.

Para as instituições do setor social, a magia do Natal pode rapidamente tornar-se numa verdadeira dor de cabeça, na procura da abordagem certa para sobreviver num cenário em que a concorrência por funding é cada vez maior e mais sofisticada. Mas para o potencial doador, a questão é não menos complexa: como escolher a quem dar? Porquê escolher a instituição A e não a B ou C?

Comecemos, então, pelo princípio: o que motiva as pessoas e as empresas a doar?

Antes de mais, a afinidade com a causa.

Por isso, é fundamental ter uma missão e uma proposta de valor bem definidas. E depois, comunicá-las de forma clara e consistente ao longo do tempo.

Dou um exemplo: só na cidade do Porto, para responder ao problema social das pessoas em situação de sem-abrigo, há dezenas de associações a trabalhar. Todas elas meritórias. Mas na hora de apoiar uma ou outra, o que me faz decidir?

Uma marca com um posicionamento claro acaba por funcionar como um “atalho” na tomada de decisão por parte dos doadores.

Saindo da visão interna e colocando-se na perspetiva de quem dá, a organização deve ser capaz de responder de forma clara e inequívoca às seguintes questões:

  • o que nos torna únicos?
  • porque somos a organização mais capacitada para responder a este problema social?
  • que impacto, que mudança de longo prazo, pretendemos alcançar?

Articular claramente a proposta de valor é o primeiro passo para uma angariação de fundos bem sucedida, porque uma organização que comunica claramente a sua causa, torna-se mais apelativa para potenciais apoiantes e doadores.

Mas os benefícios são ainda mais amplos:

- promove a transparência e cria confiança junto das partes interessadas;

- aumenta a consciência em torno do problema social e é mobilizadora de apoio;

- permite que se estabeleçam mais facilmente métricas para medição do impacto e se avalie a eficácia dos programas, demonstrando responsabilidade junto dos stakeholders;

- permite alinhar de forma mais eficaz os recursos humanos e financeiros em torno desse objetivo maior;

- serve ainda como fonte de motivação para os funcionários e voluntários, porque o conhecimento do bem maior para o qual o seu trabalho diário contribui, pode aumentar a satisfação, o empenho e a dedicação à instituição.

E finalmente, atrevo-me a dizer que as instituições com uma causa claramente definida serão certamente mais sustentáveis no futuro, porque a estabilidade e visão de longo prazo proporcionadas por uma missão bem definida são a bússola que ajuda a navegar os constantes e sempre novos desafios da economia social.