Os territórios de baixa densidade apresentam desafios particulares decorrentes da dificuldade em fixar população e, sobretudo, população ativa. Mas esses desafios, tantas vezes tão amplamente abordados, escondem bastantes oportunidades. Em primeiro lugar, neles é possível ter um “maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional e uma qualidade de vida maior”. Quem o diz é o investigador João Almeida, co-fundador e coordenador do Rural Move, uma associação que ajuda comunidades rurais a atrair capital humano para viver e investir no interior.
Um dos tópicos da conversa foi a desmitificação dos conceitos, a começar por “interior” e “rural”. Nem todo o interior é rural e nem todo o litoral é densamento povoado (7:40). Partindo da experiência pessoal do moderador, nascido e criado numa aldeia no litoral de baixa densidade, a conversa seguiu sobre a “morte lenta” da desertificação e o efeito de contágio a outras zonas.
Pelo meio, conversamos também sobre as assimetrias entre litoral e interior e, sobretudo, territórios com alta ou baixa densidade populacional. Depois de abordar as nuances por trás destes conceitos, João Almeida defende que uma das principais razões para as assimetrias é, provavelmente, a centralização da despesa no Estado central (19:49): Portugal é “um dos países mais centralizados da OCDE apesar da sua pequena dimensão”. Além disso, por cada euro gasto pelo Estado, 85% são gastos ao nível central, sublinha o investigador.
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