Nos últimos anos, testemunhamos um notável avanço na ligação entre o impacto social e o setor financeiro. Esta fusão, pode parecer estranha ao primeiro olhar, contudo pretende não apenas reconfigurar os negócios, mas também promete transformar o tecido social e económico em que vivemos.
Por um lado, as empresas atualmente estão a alterar as suas estratégias de longo prazo para incluir e dinamizar a dimensão de Impacto, Responsabilidade Social e Sustentabilidade tendo em vista tornarem mais robustas e haver maior transparência nas suas atividades. As empresas pretendem, cada vez mais, alinhar a sua estratégia e implementar, desde já, atividades concretas, no curto prazo, que lhes permita tanto incrementar o efeito positivo que têm na sociedade, como reduzir o efeito negativo que possam causar, tendo em vista os ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável mais ligados com a sua atividade.
Exemplos desse alinhamento, é a preocupação que as empresas têm, nos temas ambientais, em definir o caminho para a neutralidade carbónica e/ou para a economia circular; ou as preocupações com o bem-estar dos seus colaboradores; com os trabalhadores da cadeia de valor; com as comunidades afetadas e com os consumidores e utilizadores finais, no campo social.
Por outro lado, no sector social, iniciou-se uma cultura de partilha das boas práticas através de podcasts, livros e artigos, assim como, uma cultura de reconhecimento, através dos vários prémios atribuídos por bancos e empresas em cada ano. Começa-se a ver uma transformação de algumas organizações. Existem vários programas de formação e mentoria que permitem elevar o nível de profissionalização das organizações. Existem mais oportunidades de financiamento e mais profissionais ligados à gestão e ao impacto a trabalharem nas organizações sociais. Nos nossos dias, tentar ter um negócio social que tenha lucro, para que este possa ser reinvestido na organização é possível e bem visto, como é o caso das associações: “Reshape”, “Just a Change” e “Dona Ajuda”, há uns anos atrás seria uma utopia.
Começa-se a ver uma transformação de algumas organizações. Existem vários programas de formação e mentoria que permitem elevar o nível de profissionalização das organizações. Existem mais oportunidades de financiamento e mais profissionais ligados à gestão e ao impacto a trabalharem nas organizações sociais.
Os investimentos de impacto, são um bom exemplo da união entre sustentabilidade e sector financeiro. Empresas e investidores agora procuram oportunidades que não garantam apenas rentabilidade financeira, querem investimentos que também provoquem mudanças positivas na sociedade e no meio ambiente, que ajudem a transformar o Mundo num local melhor. Os fundos de investimento e os veículos de financiamento que priorizam critérios ESG (Ambiental, Social e Governança) tornaram-se peças-chave na condução dessa revolução financeira. Neste caso, os investimentos sociais procuram a mudança social, assim como, a obtenção e distribuição de lucros no fim de cada ano.
De modo a medir o grau de concretização dos objetivos dos investimentos de impacto, torna-se agora essencial realizar avaliações de impacto. Estes investimentos já não podem somente apresentar indicadores financeiros, têm de avaliar o real efeito que têm na sociedade. Para tal, de início devem ser definidos indicadores, tendo como base a triangulação das fontes de informação entre os diferentes stakeholders, e procurando um equilíbrio entre dados quantitativos e qualitativos.
A avaliação de impacto social não está isenta de desafios. A identificação de indicadores relevantes, a medição dos efeitos intangíveis e a atribuição de causalidade são questões complexas que exigem expertise e sensibilidade contextual. A recolha e interpretação de dados também podem ser influenciadas por vieses, exigindo rigor metodológico e transparência. Só assim se consegue uma abordagem metricamente fundamentada que forneça uma visão clara do valor social gerado por cada investimento.
Um dos pilares dessa união é a transparência. Organizações em geral, quer sejam empresas, associações, fundações ou instituições financeiras estão cada vez mais a mostrar tudo o que fazem e a abrir as portas das suas organizações, expondo não apenas os seus desempenhos financeiros, mas também os seus esforços para promover o bem-estar social. Esta transparência fortalece a confiança dos investidores, assim como cria um ambiente de prestação de contas e de aprendizagem coletiva.
Integrar o impacto social no setor financeiro não é apenas uma questão de benevolência, mas também de gestão de riscos e sustentabilidade empresarial. Empresas que abraçam esta abordagem estão melhor posicionadas para enfrentar desafios e cenários em constante evolução. Ao identificar e responder proactivamente à procura da sociedade, elas tornam-se mais adaptáveis e resilientes, permitindo a sua evolução para um negócio mais sustentável.
A união entre o impacto social e o setor financeiro transcende as fronteiras das empresas. Agora, vemos ecossistemas inteiros - incluindo governos, ONGs, e setor privado – a trabalhar em conjunto para abordar desafios sociais complexos. Iniciativas como parcerias público-privadas e fundos de investimento social estão a democratizar o acesso a recursos e a ampliar o impacto numa escala global. Deste modo, a união entre o impacto social e o setor financeiro, está a redefinir os padrões da responsabilidade corporativa e a impulsionar a procura por um futuro mais sustentável.
Integrar o impacto social no setor financeiro não é apenas uma questão de benevolência, mas também de gestão de riscos e sustentabilidade empresarial.
O casamento entre o impacto social e o setor financeiro promete um futuro entusiasmante e responsável. É um caminho que começou há pouco, ainda há muito por fazer. À medida que avançamos, a integração de métricas de impacto, transparência e sustentabilidade torna-se essencial para todo o tipo de organizações que procuram prosperar num Mundo em constante transformação. Esta união não é apenas um compromisso com o presente, mas um investimento no legado de um futuro mais sustentável e equitativo para todos.